segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O último dia {vida}.

(...)

A noite podia ter sido de qualquer forma, mas eu me sinto pronto agora. Quero fechar essa boca que só reclama e inventa desculpas, quero prosseguir a jornada. Chego a me encurralar na luz cada vez mais forte da sala. Penso: Não culpe ninguém, Ed. Aceite numa boa. Vou até a varanda e percebo minha própria visão limitada de mundo. Quero pegar este mundo e, pela primeira vez tenho a sensação de que posso fazer isso. Sobrevivi a tudo até agora. Ainda estou aqui, firme e forte. Tudo bem, vai, eu sei que é uma varanda toda fodida, caindo aos pedaços, e quem sou eu pra dizer que o mundo não é o mesmo? Mas Deus sabe que o mundo exige muito da gente. Porteiro fica paradinho só de butuca ao meu lado. Ao menos, tenta ficar parado. Quem olha até diz que é um cachorro confiável e obediente. Olho pra ele e digo:
- Chegou a hora.
Quantas pessoas têm esta chance?
E dessas poucas, quantas de fato aproveitam a oportunidade?

(Eu sou o mensageiro, de Markus Zusak)



Eu estava lendo este livro do Markus Zusak, que é completamente lindo e resolvi pegar uma das diversas partes que mexeram de certa forma comigo, e por incrível que pareça eu escolhi esta parte tem um tempo, por que realmente as pessoas deixam escapar oportunidades impares em suas vidas, quantas vezes você não as deixou escapar? Eu já perdi as contas, mas a gente sempre terá outras oportunidades e poderemos lutar por elas mais para frente, e se você não tivesse mais como fazê-lo, lutar para tê-las?
Eu estou triste.
E este texto escolhido em um momento totalmente controverso ao atual, se encaixa perfeitamente, ou talvez seja apenas a tristeza fazendo um pão fazer sentido, mas o que quero dizer hoje, é algo tão obvio, mas que esquecemos sempre, não sabemos o dia de amanhã e é por isso que mesmo que no momento achemos que vamos ter mil oportunidades no futuro, aquele pode ser seu ultimo momento.

não vou prosseguir daqui, não consigo, mas lembre-se.
direção e alcool não combinam, não distrua-se por tão pouco.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Era uma vez Luiza...[3]

continuação ... e fim!

bem, por conta do tempo, vou fazer um resumo do fim do último post da historia.
Felipe* e Luiza* estavam a caminho da casa dela, quando ele mais uma vez tocou seu coração com palavras... aquele coração que hoje ninguém consegue ver, mas que era totalmente aberto para ele. era.

Ao chegar a alguns metros da casa de Luiza, ouviram gritos, mas não gritos de socorro, nem gritos de assalto e muito menos de algum incêndio embora parecesse ter a mesma intensidade... eram gritos de uma discussão, eram duas vozes... familiares demais para Luiza.
tudo estava decidido desde a separação, Luiza se isolou do pai, que nunca pareceu se importar com a agora ausência da filha, que aparecia em feriados prolongados e uma semana nas férias de fim de ano, Luiza não viaja com Felipe e por isso nunca eram longas suas visitas.

As vozes eram de seus pais.

Luiza pensou em qualquer motivo que o traria de volta ao lugar da onde ele fugiu á 3 anos atrás, e por incrível que pareça o motivo era ela. Ele disse estar com saudades, e que estava se recuperando do alcoolismo em que se afundou nos últimos anos, queria a filha consigo, era uma das etapas da reabilitação... mas a mãe de Luiza não aceito de bom agrado tal pedido, e em nome dos velhos tempos começaram a discutir, nesse momento eles chegaram. Luiza e Felipe... no meio daquele discussão, onde ambos estavam nervosos o suficiente para não saber o que é pensar...

- Eu quero minha filha, sou o melhor para ela, preciso dela comigo. ele insistia, mas Rosa* era firme em sua opinião, onde um homem desaparecido e alcoólatra não tinha direitos a exigir sua filha e esse foi o basta para ele. lembra do tal impulso do inicio? então.. em um impulso o pai de Luiza soltou estas palavras...

- não sou um bom exemplo para minha filha? um homem que esta se reabilitando? então que demos uma casa para ela morar sozinha, pois acho que uma prostituta não é lá grandes coisas para se ser na vida.

é.. o segredo vinha a tona, ali na frente de Luiza e Felipe que até este momento insistiam em palavras, como .. "calma gente, vamos conversar" agora.. só se ouvia o ventilador, a mãe estava perplexa, Luiza ainda decodificava o que ouvira, será que ele falava no real sentido ou apenas insultava sua mãe? o pai olhava esperando o que iria contra-atacar e Felipe... bem Felipe foi embora.
essa foi a primeira vez que o alicerce de Luiza mostrou-se realmente, fraco e ignorante.
o dia foi para explicar a Luiza a adolescencia oculta de sua mãe, Luiza sentiu-se traída e suja, chegou a pensar se era realmente filha de seu pai, ou de clientes, por fim pensou que isso não faria sentido, aprendeu a viver sem a figura de um pai, mas estava acostumada a figura de sua mãe, e de um excelente namorado.
No dia seguinte e pelo decorrer da semana, Felipe não apareceu na escola para busca-la, seu telefone não tocava, e na internet ele simplesmente não estava, em casa ele nunca estava. Felipe sumiu!
Ela pensou em todas as desculpas possiveis, chegou o fim de semana, e eles tinham marcado de ver um filme, mas ele não apareceu, ela resolveu fazer mais uma ligação... e alguém atendeu. Era o novo dono do celular e do numero de Felipe, ele a evitava. Luiza faltou na segunda, foi para a frente da faculdade, lá ela o encontraria, e realmente encontrou, mas agora era outro Felipe não o seu alicerce e sim quem a derrubaria de qualquer lugar, não era seu namorado... era um cara preconceituoso que não poupou palavras para esculacha-la em frente a todos... a filha de uma prostituta, era apenas o que ela era ali.
os meses se passaram e se ela não tinha amigos antes, agora, ela não tinha nem mais ela mesma, acreditava ser um nada, e culpava sua mãe por isso, mas mesmo assim não foi morar com o pai, não tinha em quem confiar. Naquele ano Luiza reprovou na escola.

Os meses foram passando, e Luiza não se entregava a ninguém, nem para uma simples conversa, o mundo dela estava destruído, não precisava de mais nada. As palavras de insultos que Felipe proferia ao encontra-la não a afetavam mais, não por que ela estava superando e o esquecendo e sim por que a dor agora era sua companheira, sua nova amiga, ela estava acostumada quando ela apertava de noite e arrancava lágrimas.
Sua nova amiga, serviu de base para ela se reerguer, com a promessa de que nada mais a abalaria, que amar era ilusório, e que querendo ou não teria que viver... e viver para ela naquele momento era estar longe de sua mãe e de seu tormento particular, longe de São Paulo.
Hoje, Luiza esta na faculdade, não precisou de ninguém para estar lá, apenas de si mesma, mora sozinha e ela perdoou os pais, e digo mais sente pena de Felipe e consegue falar sobre o assunto muito bem, mostrou o que é realmente nascer de novo.

Luiza é uma pessoa muito forte, e em seus momentos de fraqueza não ficou apenas se deliciando da dor, vendo a vida passar enquanto morria por alguém que vivia intensamente, muitas pessoas se acostumam com suas insignificancias ou dores e não fazem nada para melhorar, conto aqui esta história, não é para sentirem pena e nem para dar lição... mas para dizer para a minha Luiza que eu estou aqui, e vejo sua historia de um modo totalmente diferente, vejo nela uma protagonista forte dona do melhor de todos os sorrisos, que se tornará uma grande mulher e tera ao seu lado a melhor pessoa do mundo, permita-se amar novamente. Há muitos felipes por aí, mas também há Luízas..

Te amo!

(
*) Nomes Fictícios